30 de abr. de 2008

Desconstruindo idéias

Imersão

Imersão não significa necessariamente modificação na trama ou interação:

  • Posso interagir e imergir
  • Posso não interagir e imergir

O processo de imersão não é compatível com a atualização contínua.

Ou seja, não dá para imergir em real time...

Pacote multimídia

A narrativa em flash, a exemplo de El País, El Mundo e NY Times, por exemplo, não é compatível com a cobertura real time...

Leva um tempo (horas) para montar um infográfico como o do acidente da TAM, feito pelo EL Pais (com erro, ainda - a trajetória do avião na pista estava incorreta). Segundo o papa da infografia multimídia, Alberto Cairo, aquele gráfico levou 6 horas para ser construído.

Também não podemos jogar imediatamente no ar um vídeo (reportagem/notícia) ou áudio (reportagem/notícia) diferente do conteúdo do texto em real time... A edição leva um tempo, ainda que haja um template pré-elaborado para isso.

Real time

Os sistemas de publicação (alguns deles) não estão programados para real time... Geralmente, um delay nos faz parar a montagem de uma galeria de imagem pela metade...

Assim, a atualização em real time não é condição de existência do jornalismo digital. Ela também é potencializada por conta de questões crono-espaciais...

Links

Os links não são paratextos na web. Na realidade, eles nos dão acesso. Precisamos deles para virar a página. Isso não significa que trata-se de um paratexto...

Um link pode ser um vídeo, áudio, retranca, e-mail, e por aí vai....

TV e slideshow

O slideshow com áudio é um elemento potencializado do que se pode fazer na TV, com imagem e áudio...

Narrativas

Se eu aplicar a noção de Ricoeur no enredo de um livro do Tolstói, em uma reportagem especial de papel, em um pacote multimídia ou nos infográficos animados, ainda assim, terei a mesma noção de narrativa cujo conceito tem sido remexido por conta do jornalismo digital...

O que muda sã0 suporte e ferramentas... Se é linear ou não, não importa.

Linearidade

Ser linear (ou não) depende do ponto de onde se acessa e como.

A pensar

LM

Viva a redundância


Deu pra entender que se trata de uma área de opinião do leitor? Não? Ihhh...
LM


29 de abr. de 2008

Estilo tipográfico, por Robert Bringhurst

"O estilo literário é o poder de mover-se livremente pelo comprimento e pela largura do pensamento lingüístico sem deslizar para a banalidade. Estilo tipográfico, neste sentido amplo da palavra, não significa nenhum estilo em particular, 'meu estilo', 'seu estilo', 'neoclássico' ou 'barroco', mas o poder de mover-se livremente por todo o domínio da tipografia e de agir a cada passo de maneira graciosa e vital, sem ser banal"

Bringhurst, Robert. Elementos do estilo tipográfico - versão 3.0. São Paulo: Coisac & Naif, 2004.


LM

Narrativa, segundo Paul Ricoeur

"Uma história descreve uma sequência de ações e de experiências feitas por um certo número de personagens, quer reais, quer imaginários. Esses personagens são representados em situações que mudam ou a cuja mudança reagem. Por sua vez, essas mudanças revelam aspectos da situação e das personagens e engendram uma nova prova (predicament), que apela para o pensamento, para a ação ou para ambos. A resposta a essa prova conduz a história à sua conclusão."

Ricoeur, Paul. Tempo e Narrativa. Trad. Constança M. Cesar. Campinas: Papirus, 1994. Tomo I, p. 214

Design, segundo o Houaiss

substantivo masculino
Rubrica: desenho industrial.
1 . a concepção de um produto (máquina, utensílio, mobiliário, embalagem, publicação etc.), esp. no que se refere à sua forma física e funcionalidade
2 . Derivação: por metonímia.
o produto desta concepção
3 . Derivação: por extensão de sentido (da acp. 1).
m.q. desenho industrial
4 . Derivação: por extensão de sentido.
m.q. desenho-de-produto
5 . Derivação: por extensão de sentido.
m.q. programação visual
6. Derivação: por extensão de sentido.
m.q. desenho ('forma do ponto de vista estético e utilitário' e 'representação de objetos executada para fins científicos, técnicos, industriais, ornamentais')
Locuções
d. gráfico
Rubrica: desenho industrial, artes gráficas.
conjunto de técnicas e de concepções estéticas aplicadas à representação visual de uma idéia ou mensagem, criação de logotipos, ícones, sistemas de identidade visual, vinhetas para televisão, projeto gráfico de publicações impressas etc.
Etimologia
ing. design (1588) 'intenção, propósito, arranjo de elementos ou detalhes num dado padrão artístico', do lat. designáre 'marcar, indicar', através do fr. désigner 'designar, desenhar'; ver sign-

LM

Narrativa, segundo o Houaiss

substantivo feminino
ação, processo ou efeito de narrar; narração
1. exposição de um acontecimento ou de uma série de acontecimentos mais ou menos encadeados, reais ou imaginários, por meio de palavras ou de imagens
2 . conto, história, caso
3 . o modo de narrar
4 . Rubrica: literatura.
prosa literária (conto, novela, romance etc.), caracterizada pela presença de personagens inseridos em situações imaginárias; ficção
5 . Rubrica: literatura.
o conjunto das obras de determinado autor ou de uma determinada época, de um país etc.; ficção
Ex.:

LM

Para além das máquinas

"Para poder trabalhar é necessário supor que o mundo não é como deveria ser e que se pode transformá-lo. A ontologia se ocupa do problema de como é o mundo, enquanto que a deontologia cuida de como ele deveria ser e a metodologia, da maneira de transformá-lo. Estas questões se entrelaçam. Não se pode saber que o mundo não é como deveria ser, sem saber como ele é de fato. Tampouco é possível saber que o mundo é como é, se ignoramos como deveria ser. Por sua vez, também não há como saber que o mundo não é como deveria, sem saber que é transformável; nem saber que é transformável, ignorando como é na realidade. De tudo isto segue-se que não há ontologia alguma sem deontologia e metodologia; nem uma deontologia sem ontologia e metodologia; nem uma metodologia sem ontologia e deontologia."

Flusser, V. Para além das máquinas.

LM

28 de abr. de 2008

Concepções flusserianas

Flusser nos instiga a rejeitar uma separação dicotômica entre representação e referente , entre signo e coisa em si, entre teoria e prática das estruturas da linguagem. Fabricar e informar são aspectos de um mesmo programa, são manifestações da ação humana única de tentar impor sentido ao mundo por meio de códigos e técnicas.

A experiência do mundo passa a ser regida por outros códigos e convenções, por linguagens e projetos capazes de reformular a percepção, muito mais que a paisagem.

Todo projeto é ao mesmo tempo solução e obstáculo, a única certeza é de um aumento da complexidade em escala geométrica.

Flusser, V. Mundo Codificado. São Paulo: CosaicNaif, 2007, p.14, 16.

A pensar,

LM

27 de abr. de 2008

Podemos imergir, sim

Não é um exemplo jornalístico, mas é o que de melhor essa pesquisadora encontrou pela web (até agora) sobre narrativa de imersão. Esse é o caminho. Vamos em frente.




Simulação volumétrica do bairro do Comércio com o aumento do gabarito dos prédios, segundo o novo plano diretor (2008). Por Marcos Rodrigues.

Sobre o arquiteto baiano

LM

Experimente a nanomandala de VV


Se quiser entender o processo de imersão na nanomandala de Victoria Vesna, entre nessa URL: http://nano.arts.ucla.edu/mandala, e pressione o mouse nas setas nos dois sentidos (◄►) na parte superior esquerda da página. A imagem muda e a surpresa aparece...
LM

25 de abr. de 2008

Uma viagem sem volta


Imperdível: Victoria Vesna na Faap, em São Paulo, com NANO: New poetics at the Museu de Arte Brasileira - April 11 - May 21, e

... para entender porque pensamos em interatividade e interface de modo primitivo:

Inna Razumova: The Web is an ephemeral, virtual medium that is associated with the mobility, manipulability, and transformation of data. Web is also one of this culture’s primary places for a fetishization of the body. (spy cams, pornography, dating networks, avatar-based chat rooms, etc.). In your opinion, why is a medium that functions mostly through disembodiment so fascinated with the idea of body?

Victoria Vesna: It is because our bodies do not only consist of embodied, physical parts and our minds are not separate from our bodies and we are not separate identities. I do not consider this an opposition (idea of body/disembodiement), but a return to learning that we have etheric bodies, and can make telepathic connections to others on the other side of the planet. It is very empowering to have a sense of connection to someone who shares your ideas, whatever they may be, and feel a physical sensation in relation to this…The Internet provides a space for exploring our many identities, and experimenting with ideas of extending our influence beyond our local spaces.” From Interview with Victoria Vesna by Inna Razumova, May 15 2001, Switch, Issue 16.

A pensar

LM

24 de abr. de 2008

Interface e interatividade

Para além da interatividade e da interface como superfície...

A interatividade deixa de ser um simples clique aqui para se transformar em algo mais complexo, e a interface deixa de ser entendida apenas como a superfície da tela para se tornar interface que faz mergulhar, que provoca imersão....

A pensar

LM

O jornalismo digital, em conceitos II

Geral

Nomenclaturas
Fases
Características
Histórico


Particular

Narrativas
Banco de dados
Gêneros
Portais regionais
Usuários
Interface
Tempo real
Conceito de tempo
Formatos multimídia
Produção, distribuição e circulação

LM

23 de abr. de 2008

O jornalismo digital, em conceitos

Para pensar o jornalismo digital...

Alteridade (Hall)
Remediation (Bolter e Grusin)
Hierarquia e papel (Nelson)
Semelhanças e Similitudes (Foucault)
Newsmaking (Wolf)
Interface (Johnson)
Tele-ação (Manovich)
Usabilidade (Nielsen)
Interatividade (Meadows)


LM

22 de abr. de 2008

Das metáforas e ícones

O autor de Pause and Effect: the art of interactive narrative, Mark Stephen Meadows, acredita que o ícone, por ser uma imagem contextualizada, cria percepções que deveriam ser intuitivas a qualquer designer de interface ao construir uma narrativa interativa:

- a diferença gera informação
- a repetição gera redundância
- informação redundante (o que ele chama de repetição com variação) cria contexto
- contexto permite predição
- predição permite a participação
- participação é a base da interação

Meadows defende que:

As seis percepções orientam a criação de interfaces para narrativas interativas. Com isso, contribuem para um melhor entendimento do usuário sobre sua capacidade de ação naquele ambiente, seus efeitos e o modo como ele navega.

O autor alerta que uma boa narrativa precisa entender o usuário para que ele complete o enredo.

Resenha de Bia Ribas

LM

21 de abr. de 2008

Narrativa, por Meadows

Para o autor de Pause and Effect: the art of interactive narrative, Mark Stephen Meadows, define a narrativa interativa como uma representação de personagens e ações baseada no tempo, em que o leitor pode afetar, fazer escolhas e modificar o enredo.

Meadows apresenta 3 estruturas narrativas interativas:

Nodal – O enredo nodal apresenta uma série de eventos não-interativos, interrompidos por pontos de interatividade. Mantém um arco dramático forte. É interessante para histórias que têm um só início e no mínimo dois fins. Esta estrutura possibilita uma forte história de fundo, um desenvolvimento claro dos personagens e a construção de um ambiente profundo. Entretanto, corre o risco de limitar a interação.

Modular – O enredo modular apresenta também uma série de eventos não-interativos, interrompidos por pontos de interatividade, e ainda mantém o arco dramático, mas sem necessariamente ditar a ordem dos eventos a ser seguida. Ele permite que o usuário decida por seguir uma linha reta, evitando interagir com o ambiente, ou pegue uma rota que aumente a interação e a participação.

Aberta – O enredo aberto assemelha-se a um mapa rodoviário. Apresenta pontos de decisão que levam o leitor a outros pontos de decisão. O arco dramático é completamente abandonado para privilegiar o interesse pela exploração, modificação e investimento do leitor.

Resenha de Bia Ribas

LM

20 de abr. de 2008

Ouçamos Nielsen

Aconselha Nielsen em Websites que funcionam (Rio de janeiro: Campus, p.55), editado em 2000, oito anos atrás...

"A regra mais antiga do webdesign é evitar o uso do 'clique aqui' como texto âncora para um link de hipertexto. Essa regra tem duas justificativas. Em primeiro lugar, apenas os visitantes que usam mouse realmente clicam, ao passo que os usuários com deficiência ou com uma tela de toque ou outro dispositivo alternativo não clicam. Em segundo lugar, as palavras 'clique' e 'aqui' dificilmente contêm informações e, portanto, não devem ser usadas como elementos de design que atraem a atenção do usuário."

Acrescento que há mais dois problemas ao usar 'clique aqui' para assistir ao vídeo, para ler a matéria na íntegra, etc., etc.: redundância e imperativo... Clique aqui para acompanhar em tempom real o trânsito... (chamada pra lá de comum na rede). Outra pérola é a de postar uma moldura de vídeo com botão play e mandar o usuário clicar para assistir... (mais comum ainda que a do tempo real).

A pensar,

LM

19 de abr. de 2008

Uma narrativa, uma mídia...

Para pensar a convergência...
Para pensar como trabalhar a mídia...

A principal discussão é a de que devemos avaliar mídia e composição narrativa. Isso significa que cada dispositivo pede narrativas diferenciadas - convergência não é empacotar um mesmo conteúdo e disparar por via celular, sites, papel, rádio, TV... por exemplo...

As mídias são diferentes, e pedem narrativas diferentes...



LM

18 de abr. de 2008

Das alteridades

A composição da página leva em conta alteridade?

Para Stuart Hall: Não há identidades fixas, estáveis, unificadas nas sociedades modernas: "é precisamente porque as identidades são construídas dentro e não fora do discurso que nós precisamos compreendê-las como produzidas em lugares históricos e institucionais específicos, no interior de formações e práticas discursivas específicas, por estratégias e iniciativas específicas."

e Hall vai além:

"a identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia. Ao invés disso, à medida que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam, somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis, com cada uma das quais poderíamos nos identificar — ao menos temporariamente."

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 5 ed., Rio deJaneiro: DP&A, 2001.

LM

17 de abr. de 2008

Para além do papel 2

A internet mudou as rotinas produtivas, a relação com o público e os critérios de noticiabilidade, os conceitos sobre narrativas, notícia, rotinas produtivas. Em seu artigo What is journalism, Mark Deuze divide o conceito sobre jornalismo em três partes:

1) Jornalismo como ideologia [jornalistas oferecem um serviço público, jornalistas são neutros, objetivos, imparciais e credíveis, Jornalistas têm autonomia editorial, liberdade e independência, Jornalistas têm senso de imediatismo, Jornalistas têm senso de ética e legitimidade].

2) Jornalismo e tecnologia: Multimídia;

3) Jornalismo e sociedade: Multiculturalismo.

O autor afirma que multimídia e multiculturalismo desafiam a percepção do jornalismo e do modo de fazer jornalismo. Ele critica a falta de textos que discutam teoria do jornalismo, multimídia e multiculturalismo.

Para Deuze, "a literatura geralmente discute o papel do jornalismo cívico ou a relação dos jornalistas e empresas de comunicação". ]

Portanto, propõe repensar o jornalismo e a identidade dos jornalistas para manter um entendimento conceitual coerente do jornalismo praticado na web.

A definição de multiculturalismo é a seguinte: Contato entre as diferenças formas de culturas nacionais e locais - que entende a cultura não está restrita à etnia, à nação ou à nacionalidade, mas como um lugar de direitos coletivos para a determinação própria de grupos.
A pensar...

LM

16 de abr. de 2008

Para além do papel


Porque as convenções nos aprisionam? Há sites noticiosos, como Le Monde, que simulam duas coisas: hierarquia e papel. Ted Nelson, o pai do hipertexto, explica:

“Os paradigmas fundamentais do mundo da computação são simplesmente tradições. Os princípios básicos do computador, tal qual os ensinamos, dizem respeito a convenções e não à realidade. Os computadores hoje, basicamente, simulam duas coisas: hierarquia e papel.

A hierarquia foi cuidadosamente colocada na estrutura dos arquivos do computador porque os que assim o fizeram consideraram-na correta, natural e a única forma. O papel foi também simulado na estrutura dos computadores porque parecia correto, natural e a única forma. Acredito que ambas são formas de aprisionamento que constrangem e distorcem nosso trabalho e nosso pensamento.

O Adobe Acrobat e a World Wide Web simulam tanto a hierarquia quanto o papel. O Acrobat o faz em um pacote único, a Web, via URL (que segue o nome do domínio, utilizando o caminho hierárquico dos diretórios, levando, assim, à simulação do papel como um arquivo HTML).

Desse modo, esses dois formatos glorificam a aparência em detrimento da administração do fluxo do conteúdo, representando, como se assim ocorresse, o triunfo dos gráficos sobre os autores”

Íntegra
Deeper Cosmology, Deeper Documents, 2001

LM

15 de abr. de 2008

Isto é o desenho de um cachimbo

Para completar, Foucault, ainda:

"Tudo está solidamente amarrado no interior de um espaço escolar: um quadro mostra um desenho que mostra a forma de um cachimbo; e um texto escrito por um zeloso professor primário mostra que é bem de um cachimbo que se trata. Não vemos o dedo indicador do mestre, mas ele reina em todos os lugares, assim como sua voz, que está articulando claramente: 'isto é um cachimbo'.

Do quadro à imagem, da imagem ao texto, do texto à voz, uma espécie de dedo indicador geral aponta, mostra, fixa, assinala, impõe um sistema de reenvios, tenta estabilizar um espaço único. Mas por que introduzi ainda a voz do mestre ? porque mal ela disse 'isto é um cachimbo', e já foi obrigada a retomar e balbuciar: 'isto não é um cachimbo, mas o desenho de um cachimbo', isto não é um cachimbo, mas uma frase dizendo que é um cachimbo' 'a frase: 'isto não é um cachimbo', não é um cachimbo'; 'na frase: 'isto não é um cachimbo', isto não é um cachimbo: este quadro, esta frase escrita, este desenho de um cachimbo, tudo isto não é um cachimbo'.

As negações se multiplicam, a voz se embrulha e engasga; o mestre confuso abaixa o dedo indicador estendido, dá as costas ao quadro-negro, olha os alunos, que se torcem de tanto rir, e não se dá conta de que, se eles riem tão alto, é que, acima do quadro-negro e do mestre balbuciando suas denegações, um vapor que acaba de se elevar pouco a pouco tomou a forma e agora desenha, com toda exatidão, um cachimbo. 'É um cachimbo, é um cachimbo' gritam os alunos em algazarra, enquanto o mestre, cada vez mais baixo, mas sempre com a mesma obstinação, murmura, sem que ninguém mais o escute: e, entretanto 'Isto não é um cachimbo'. "

Isto não é um cachimbo. p.35-36.

LM

É legítimo o dedo indicador?

Até que ponto o desenho depende do texto para nomeá-lo? Também não se pode recusar qualquer denominação à imagem. Fotografias geralmente são legendadas, classificadas, descritas.
É preciso pensar modos de descrever imagens, vídeo, multimídia e slide show, por exemplo, sem que haja determinação de tautologia.

A relativização faz sentido sobretudo no jornalismo digital, um novo subcampo do jornalismo, ainda sem práticas totalmente definidas, mas que se torna um retrocesso quando se compara, por exemplo, a primeira página de um jornal de papel com a de um jornal digital. O papel vence, guardadas as diferenças de suporte e as possibilidades que cada um permite.

Mesmo desconectada, a capa do papel nos atrai pela forma pela qual é composta, pelos elementos que a integram. Uma foto bacana, uma manchete inteligente, chamadas interessantes nos levam para as outras páginas, também pensadas a partir de um projeto gráfico que contemple critérios estabelecidos (no que se refere a estilo, formato, diagramação, redação e edição).

No caso do jornalismo digital ainda não há uma sistematização desses critérios. Não há um fazer determinado. Pensado. Projetado. Há, simplesmente, um fazer. Estar conectado. Estar na rede. Ter multimídia. Ter interatividade e blá, blá, blá....

LM

Você vê um cachimbo?

Ouçamos Foucault:

"A forma desenhada do cachimbo expulsa todo texto explicativo ou designativo, tanto é reconhecível; seu esquematismo escolar faz muito explicitamente: 'você vê tão bem o cachimbo que sou, que seria ridículo para mim dispor minhas linhas de modo a lhes fazer escrever: isto não é um cachimbo. As palavras, de certo, me desenhariam bem menos do que eu me represento."

Isto não é um cachimbo, p. 27.

LM

Dizer duas coisas com palavras diferentes

A discussão sobre o excesso de clique aqui e outras redundâncias recorrentes na maioria das páginas noticiosas on-line faz refletir sobre como não ser retórico ao editar capas. Como não dizer no texto aquilo que o desenho representa... Como não cair na armadilha de dizer duas coisas com palavras diferentes?

A pensar

LM

14 de abr. de 2008

Onde mesmo fica o índice?

Se o pressuposto da narrativa no ciberespaço é ação, o menu do estadao.com.br deixa o usuário perdido! Pois o link que aparece abaixo da chamada Acesso gratuito não leva a lugar nenhum....
Para acessar o menu, é preciso subir e clicar no índice que aparece na coluna superior esquerda...

LM

13 de abr. de 2008

Navegar em base de dados

Eis a diferença fundamental entre a produção para o papel e para um espaço navegável, não estático:

"O usuário de uma narrativa está atravessando uma base de dados, seguindo links entre seus registros as estabelecidos pelo criador da base de dados. Uma narrativa interativa pode ser entendida como a soma de múltiplas trajetórias através de uma base de dados" (p. 227). (In: The language of new media, de Lev Manovich, 2001).

LM

Espaços navegáveis

Na rede, a narrativa só tem sentido se houver ação:

"Depois da novela, e subseqüentemente do cinema, a narrativa foi a principal privilegiada das expressões culturais da era moderna, a era do computador apresenta seu correlato, a base de dados” (p. 218). "A base de dados é admitida como a nova forma simbólica da era digital, (p. 219). (In: The language of new media, de Lev Manovich, 2001).

LM

12 de abr. de 2008

Mas, afinal o que é uma interface?

Por Steven Johnson,
em Cultura da Interface (RJ: Zahar, 2001, p.17)

"Em seu sentido mais simples, a palavra interface se refere a softwares que dão forma à interação entre usuário e computador. A interface atua como uma espécie de tradutor, mediando entre as duas partes, tornando uma sensível para a outra. Em outras palavras, a relação governada pela interface é uma relação de semântica, caracterizada pelo significado e expressão, não por força física"

LM

Interface e superfície

O que a famosa série de quadros de Magritte "Isto não é um cachimbo" faz refletir:

"Impasse recorrente da criação on line, a confusão conceitual em torno da noção de interface e superfície atravessa inúmeras instâncias institucionais e mercadológicas e mostra que não se conseguiu incorporar ainda a lição dada por Magritte em sua famosa série de quadros de cachimbos, produzidos entre 1928 e 1956.

Um dos traços mais desconcertantes desses quadros é sua incrível simplicidade 'Ceci n'est pas un pipe' (Isto não é um cachimbo): isto é uma representação de um cachimbo, anuncia-se em todos.

As imagens traem, pontificia-se no título que transforma a série em conjunto e anima a fricção e a pulsação das distâncias entre representação e ausência, palavra e figura, pintura e escritura, palavras e coisas.

Trata-se da história de um caligrama desfeito, escreveu Foucault, uma tautologia às avessas em que a distância entre o texto e a imagem era intencionalmente imposta em um jogo de negações, que confrontava a redundância do mero transporte de sentidos, pondo em evidência a fragilidade do olhar do voyeur_superficial_em relação ao do leitor_pluridimensional". (Beiguelman, G. O livro depois do livro, p. 19).

LM

11 de abr. de 2008

As palavras e as coisas



"(...) Você vê tão bem o cachimbo que sou, que seria ridículo para mim dispor minhas linhas de modo a lhes fazer escrever: isto é um cachimbo. As palavras, de certo, me desenhariam menos bem do que eu me represento."
(Isto não é um cachimbo, Foucault, M. p. 9)

"(...)Mas quem me dirá seriamente que este conjunto de traços entrecruzados, sobre o texto, é um cachimbo? Será preciso dizer: Meu Deus, como tudo isto é bobo e simples; este enunciado é perfeitamente verdadeiro, pois é bem evidente que o desenho representando um cachimbo não é, ele próprio, um cachimbo? E, entretanto, existe um hábito de linguagem: o que é este desenho? É um bezerro, é um quadrado, é uma flor. Velho hábito que não é desprovido de fundamento: pois toda função de um desenho tão esquemático, tão escolar, quanto este é a de se fazer reconhecer, de deixar aparecer sem equívoco nem hesitação aquilo que ele representa (...)" (Isto não é um cachimbo, Foucault, M, p. 6)

LM

10 de abr. de 2008

Pela navegação intuitiva

Vídeo, vídeo e vídeo + ícone, ícone e ícone

LM

9 de abr. de 2008

Cultura híbrida 2


El País, 2008
página de notícia

características
design horizontal
maior uso de multimídia
fotos abertas, grandes
texto, com diversos links
elementos de interação: votar, imprimir, comentar, enviar e-mail, share, correção, direitos, aumentar ou diminuir texto
artigos relacionados por texto e multimídia
ver conteúdo em outros sites
anúncio dinâmico
anúncio por bloco de informação
exibição de estatística de mais lidas, mais bem avaliadas e mais enviadas
links patrocinados
lista de últimas notícias
destaque de fotos, vídeos e gráficos
RSS
venda de textos
podcast

LM

Cultura híbrida


El País, 2008
capa
características
design horizontal
aposta na multimídia
uso de fotos maiores
canais próprios de web
busca multimídia
maior quantidade de anúncios

LM

Rupturas e remediações 3


El País, 1999
Página especial
características
lista de notas com links
imagens pequenas
LM

Rupturas e remediações 2


El País, 1998
capa de Internacional

características
texto, links e imagens
design vertical
banner no pé da página
busca
assuntos relacionados
estrutura de editorias baseada no jornal de papel

Fonte: Internet Archive

LM

Rupturas e remediações



El País, 1998

características
texto, links e imagens
design vertical
banner no pé da página
busca
estrutura de editorias baseada no jornal de papel

Fonte: Internet Archive

LM

8 de abr. de 2008

5 elementos da narrativa digital

Desdobramento dos 5 elementos da classificação de Nora Paul. A pensar:

LM












E o design?


Nora Paul, uma das mais importantes pensadoras sobre mídia digital, afirma que a narrativa on-line é composta por cinco elementos:

1) Media usage
2) Action built into the content or required by users
3) Relationship potential between story and user
4) Context provided by other materials
5) Communication potential
Se perdermos de vista a narrativa e nos ater ao design, podemos planejar a construção da página noticiosa a partir desses cinco elementos.
A pensar...
LM

As palavras de ordem

Para pensar sobre a linguagem (textual e visual) na criação de páginas ou capas na web:

"A professora não se questiona quando interroga um aluno, assim como não se questiona quando ensina uma regra de gramática ou de cálculo. Ela 'ensigna', dá ordens, comanda. Os mandamentos do professor não são exteriores nem se acrescentam ao que ele nos ensina. Não provêm de significações primeiras, não são a conseqüência de informações: a ordem se apóia sempre, e desde o início, em ordens, por isso é redundância.

A máquina do ensino obrigatório não comunica informações, mas impõe à criança coordenadas semióticas com todas as bases duais da gramática (masculino-feminino, singular-plural, substantivo-verbo, sujeito do enunciado-sujeito de enunciação etc). A unidade elementar da linguagem — o enunciado — é a palavra de ordem.

Mais do que o senso comum, faculdade que centralizaria as informações, é preciso definir uma faculdade abominável que consiste em emitir, receber e transmitir as palavras de ordem. A linguagem não é mesmo feita para que se acredite nela, mas para obedecer e fazer obedecer.

A baronesa não tem a mínima intenção de me convencer de sua boa fé, ela me indica simplesmente aquilo que prefere me ver fingir admitir" (Deleuze e Guattari, Mil Platôs, vol. 2, p. 7-8)

LM

Viva a redundância!

Além do guia numérico, temos duas menções a vídeos no destaque desse módulo na capa do iG: o chapéu Vídeo e a chamada mais vídeos, que nos leva à lista no megaplayer. Ah, ia quase esquecendo do botão player, estampado no meio da imagem. Chega, né?
LM

1,2,3,4,5


É necessário um guia numérico de navegação para percebermos que as fotos da nova home do iG são randômicas? Esse tipo de edição já é usado na web há um bom tempo...

Interatividade já!

Há mais de uma década, eram os sites que nos permitiam customizar conteúdo, depois vieram aqueles boletins via e-mail que passamos a chamar newsletter. Então, nos venderam os news alerts (alertas curtos de emergência, em texto). Também havia aqueles dispositivos de mensagens de texto, os bips... Deixamos esses aparelhos antiquados e mudamos para o celular, com SMS. Daí, nos ofereceram os MMS. Opa, um passo à frente de letras e mais letras. Agora, todo site que se preza oferece RSS. Ah, você não tem RSS? Não é cool.

Ok, os meios de envio de alertas, atualizações ou de mensagens customizadas são necessários, às vezes. Mas precisamos bombardear dessa maneira? Não seria mais interessante parar e pensar que o RSS é uma remediação disso tudo? E oferecer apenas isso?

LM

7 de abr. de 2008

Yes, nós temos multimídia

Antes de a banda larga ultrapassar o acesso discado, o que se via pela web eram sites que faziam grande uso de texto, em detrimento a imagens, áudio, vídeo e dos pacotes multimídia. A predominância da escrita dominava grande parte da mídia por: a) ter precedência histórica, b) ter baixo custo, c) ser de fácil produção, d) ser viável em várias plataformas, e) ter inércia e f) ter familiaridade.

Hoje, ainda há obviamente expressivo uso do texto em sites jornalísticos e um maior uso dos recursos multimídia disponíveis por conta de uma série de fatores, sobretudo da replicação de sistemas de publicação que permitem editar facilmente o material em áudio, vídeo, imagens e slide shows, entre outros.

Avançamos em criatividade, mudamos a diagramação das páginas de jornais na web (antes, com predomínio de texto e um mar de links) e começamos a raciocinar multimídia. Mas ainda estamos sem um road map de como destacar todo esse material, a começar pelos links, elementos de acesso e de edição também.

Para pensar:

1) há critérios para uso de artigos relacionados em uma matéria?
2) está definido o lugar de inserção de links no meio do texto? devemos colocá-los no pé da matéria, no meio do texto, antes do lead, depois do sub-lead? Onde?
3) ok, temos multimídia, mas e agora? o que fazer com esse material? quando ele cai no texto?
4) há critérios de produção de material multimídia para complementar texto?
5) devemos oferecer ao usuário tudo de uma só vez, goela abaixo?

LM

6 de abr. de 2008

Das funções simbólicas

Para pensar sobre as funções simbólicas dos elementos de composição da página noticiosa na rede:

"A aposta em uma cultura híbrida (pautada pela interconexão de Redes on e off line) não é em uma nova indústria capaz de substituir meramente velhas tecnologias por outras. O desenvolvimento desse novo horizonte de leitura, que o mundo cibernético promete e a proliferação dos dispositivos móveis corrobora, impõe que se pense em que queremos dos textos, da memória e das próprias tecnologias de conhecimento.

O que está em jogo é a necessidade de engendrar não só repertórios capazes de transcender o formato do códex e a cultura material da página, como as únicas possibilidades para a exposição de idéias, mas também suas funções simbólicas, como as de suporte de memória, e econômicas, como o valor material da autoria." (Beiguelman, G. O livro depois do livro, p. 17).

LM

Atropelaram a gramática



Nem tudo é problema de design ou de formato de narrativa. São comuns na rede tropeços na língua portuguesa, como esses pinçados da página do Estadão, de 21/3. Alguém bobeou na edição da home do canal Suplementos.

Em vez de azeite, aziete; vírgula errada depois de azeite; chamada com foto: procura-se pessoas (ai!), e mais: indentidade, fuinciona, aborada e estreiou....

LM

5 de abr. de 2008

Overdose


A página de notícias do NY Times tem dois elementos que a diferenciam do restante dos sites jornalísticos: algumas palavras do texto estão linkadas ao dicionário do jornal, e as ferramentas de composição da página ganharam anúncios. Sobre o modelo de negócio, ok, uma ótima idéia: dividir a página (a partir dos elementos de composição) e vender espaços. A dúvida aqui refere-se aos links: qual o critério utilizado para dar o significado de deteminadas palavras em detrimento de outras?

Outra questão é entender porque no lead, a palavra Iraq leva a um hotsite especial sobre a guerra. Me parece que trata-se da mesma idéia sobre o uso do dicionário para compreender o texto. Ao ler, vem aquela sensação de um enorme emaranhado de informação, texto longo, com muitos links, que remetem a outros conteúdos também extensos, numa tentativa equivocada de montar uma narrativa em base de dados, com todo conteúdo disponível.

Aí é que entra a ponderação. Vejo dois problemas ali: a disposição dos elementos e o modo pelo qual foram definidos. Isso nos leva a uma overdose.

A pensar,

LM

Com o controle remoto é melhor


Outro formato de edição para refletir: na moldura da galeria de imagem do Terra, o usuário tem a opção de clicar nas setas para ver as fotos ou clicar em Iniciar slide show. Na mesma tela, uma legenda explica a imagem, seguida de uma mensagem Leia mais. A pergunta é: podemos excluir essas redundâncias por ícones? No lugar do Leia mais, poderia haver uma imagem que representasse um bloco de texto ou uma seta? Na chamada para o slide show, não seria melhor substiuir o Iniciar slide show por um botão de play? Utilzar os ícones dos botões da TV ou do DVD.

Para pensar: há controles remotos mais avançados do que os oferecidos na rede.


LM

Oops!

Excelente serviço presta o Terra Notícias quando mostra ao usuário que o tipo de configuração que ele possui não o permite assistir ao vídeo, e permite atualizar o windows media player ou o plugin do Mozila Firefox.
LM

Quase lá...

Voltando ao tema redundância e imperativo, a moldura da área multimídia do portal Terra é muito bacana, bem desenhada, mas há um porém: excesso de palavras repetidas e o uso do imperativo. Em uma observação rápida nota-se as seguintes chamadas: Confira todas as fotos, Veja as fotos, com ícone representativo de uma máquina fotográfica e aba da moldura com a chamada FOTOS. Na aba de vídeo, TerraTV Vídeos. Well, o nome já diz tudo: TerraTV, precisa mais?
A pensar,
LM

4 de abr. de 2008

Share? Qual deles?


Outra ferramenta muito, muito, muito utilizada nos sites jornalísticos (das mais variadas formas, há sites com anúncios nessas seções) é o share, compartilhamento de informações. São ícones interativos que permitem ao usuário inserir conteúdo em seu favoritos (delicious), em apontar informação credível (digg) ou rankear posicionamento na rede (tecnhorati). Tudo bem, queremos interagir, queremos clicar naqueles ícones e mostrar o que pensamos, nos posicionar diante do que lemos. Mas precisamos de tantas opções? Que critérios nos levam a fazer essa lista de interatividade total? No inglês Guardian, a turma do design teve de achar uma solução para tantos elementos...
LM

Isso é um link?

Em busca de um formato ideal de composição da página e estruturação da narrativa, o espanhol El Mundo está sempre inovando:



A notícia, antes repleta de links, agora é destacada em negrito. O mesmo acontece nas chamadas abaixo do título, as três não remetem o usuário a um segundo nível de navegação. Dá o resumo da notícia, também com negrito. E pára por ali. Me parece um retrocesso. Para apresentar algo diferente, recorre-se processos de edição off-line. Sim, porque o negrito é off-line, e o link é on line. Ou não?

Isso não é um elogio ao mundo on line, como quem recusa o passado, ok? Mas a proposta é reciclar ou remediar, nas palavras de David Bolter (Remediation). Que tal aplicar critérios de noticiabilidade nos links destacados nas chamadas ou no meio do texto? Ou até mesmo nos assuntos relacionados, geralmente publicados no pé da página?

LM

Mais do mesmo


De novo. A BBC anunciou faz pouco tempo sua nova capa, e uma das novidades é a possibilidade de o usuário customizar o conteúdo que lhe interessa. Outra mudança bacana é o uso dessa tecnologia que arrasta, que me permite hierarquizar os destaques. Tudo bem. Mas precisa repetir em cada caixinha a aba com o aviso: editar? Ou os sinais de mais e de menos, que nos indicam ter mais ou menos conteúdo? Eles estão replicados na primeira página...


LM

3 de abr. de 2008

Das metáforas 3

Nesse sentido, questiona-se até o significado de site (sítio): "Talvez a metáfora do site (sítio) para designar a situação de não localidade que estrutura o ciberspaço esteja na raiz desse fenômeno de equívocos terminológicos que não são inconvenientes por serem errôneos, mas por mascararem a situação inédita de uma espacialidade independente da localização em um espaço tridimensional" (G.Beiguelman. O livro depois do livro, 12)

Vale a pena listar os nomes das coisas da web e pensar sobre o que Beilgueman chama de equívocos terminológicos, no contexto de uma "cultura híbrida, ou seja há uma interpenetração entre as mídia off line e on line, que incorpore e recicle práticas sociais já estabelecidas, e aponte para novas formas de significar, ver e memorizar" (ibid, p.13)

LM

Das metáforas 2

O que se discute por ora são os equívocos terminológicos que pululam na rede, como home (casa). Ao denominarmos home page a capa de um site ou portal imaginamos que trata-se reprodução mental da casa do usuário? Home pode ser: lar, residência, casa, moradia, família, pátria, origem, cidade ou terra natal.

Também pode sugerir: ir para casa, retornar, ter lar, residir, morar, prover com lar ou residência. Ou significar: caseiro, doméstico, familiar, nativo, nacional, expressivo, que atinge ou alcança seu objetivo, para casa, rumo à pátria, de retorno, em casa, exatamente, a propósito, profundamente.

Porque ao insinuar at home, você quer expressar: em casa, na pátria, à vontade.

A questão que se coloca aqui é se não chamamos home, qual é a denominação adequada?

LM

Das metáforas



Recebi algumas ponderações sobre o uso de setas para dirigir o usuário em um site. Explico: Uso de setas, tudo bem. Minha questão é a seguinte: precisamos escrever anterior e próximo nas setas? Isso não seria uma limitação da nossa capacidade de perceber significados? Não seria como atrofiar nossa aptidão para pluralizar os sentidos e bloquear o exercício de construção de representações?, nas palavras de G. Beiguelman.

Para pensar.

LM

2 de abr. de 2008

Somos modernos?


Vou recorrer a Michel Foucault para tentar entender porque temos que desenhar uma casa (como aparece no UOL) na home do portal para o usuário ter como sair do emaranhado de páginas ou entrar pela porta da frente: seguimos pensando em design (e conteúdo) pela continuidade do tempo e pelas relações de similaridade que constituíram as práticas simbólicas da modernidade, elaboradas no séc. 19, e da qual, todavia, ainda não saímos (As palavras e as coisas. SP/Martins Fontes -1992). Ou seja, adentramos o futuro olhando pelo retrovisor, nas palavras mcluhianas.


Em tempo, as fotos randômicas, modelo das capas da maioria dos portais brasileiros e estrangeiros, precisam levar uma seta com legenda? Algo do tipo: ande para a frente ou para trás?


LM

Clique aqui? Onde? Ah, aqui

Onde a redundância nos trai: repare nessa chamada de trânsito do Último Segundo:

Acompanhe agora o trânsito em tempo real. Clique aqui. Para pensar: precisamos realmente de todas essas referências para chamar o usuário para ler nosso conteúdo? Vale quanto pesa?

LM

Vale repetir ícones?


Nem tudo são flores. Como estamos em fase de constituir novas práticas sociais na rede, e isso inclui mudar nosso comportamento em relação ao modo pelo qual recebemos a informação, podemos nos dar ao direito de usar e abusar do empirismo. Explico: Para não usar diversas vezes na seção Últimas Notícias da CNN a palavra video, os editores passaram a destacar conteúdos em vídeo pelo ícone que representa a mídia... Esse é o caminho? Talvez. Minha sugestão é separar a lista por mídias. Uma linha fina com apenas um símbolo como divisor delas pode ajudar, por enquanto. Vamos em frente.


LM

No caminho

Um bom exemplo de tentativa de eliminar as redundâncias e substituí-las por ícones ou usar texto apenas pode ser visto nas páginas do site da CNN.




Simples assim!
LM

Go? Where?

Ok. Quero fazer uma pesquisa no site da ABC News. Preciso mesmo desse aviso, Go?

Mais redundâncias, em manchetes mais lidas e matérias mais lidas..., grosso modo. Video, video, photos, photos. De novo!




LM

mais....

1 de abr. de 2008

Watch video, more videos? Why?


Mais um exemplo da ABC News...

LM

Home. Como volto pra lá?


Por que temos que apontar na capa de um portal casinhas representando homes ou botões (setas) para avançar ou voltar a página? Por que insistimos em utilizar redundâncias nas capas, chamadas, títulos, multimídia, whatever? Por que queremos ser o site mandão e abusar do imperativo? Veja o que faz a ABC News.

Para pensar:

1) Precisa apontar um HOME na capa? Ou nas páginas internas? Qual o objetivo de linkar abaixo do logo um: start here? Não dá simplesmente para linkar a capa do site no logo?

2) Por que repetir diversas vezes a palavra video? Essa repetição pode ser eliminada por um ícone que remeta à mídia, ou criar uma área de destaque na capa com um botão play. É necessário escrever clique aqui para assistir ao vídeo? Ou watch video, como aparece no destaque da ABC News? O ideal seria usar o recurso do botão play e uma chamada sobre o tema abordado, seja no vídeo, no áudio...

LM

Olá

Este blog entra no ar nesta terça-feira, 1, com a proposta de discutir formatos de edição de páginas jornalísticas na web a partir de ícones. Isso não significa que a imagem será privilegiada em detrimento do texto. A idéia é pensar modelos que eliminem redundâncias e imperativos.

Para começar, pincei trecho de uma entrevista que a especialista em arte digital Giselle Beiguelman concedeu à Folha de S.Paulo, em janeiro de 2004 (acesso somente a assinantes), que explica o nome deste blog. Bem-vindos!
LM

O mito da interatividade

Aí vai...

"Vamos primeiro derrubar um mito: o da interatividade como parti pris da arte feita com meios digitais ou em rede. Interatividade tornou-se uma espécie de "commodity" do discurso do "infotainment", no qual prevalece uma dinâmica de clicagem burra em que o que vale é o ponto de chegada, em detrimento do processo -aí mero "mal necessário" para chegar a um fim pré-determinado. Grosso modo, há questões bem mais interessantes e particulares das novas mídias e mais precisamente das artes on-line: compartilhamento, reconfiguração de atributos e funcionalidades e a discussão de uma estética da transmissão, do trânsito de dados e de fluxo de informações.

Arte pela arte

Isso posto, vamos então derrubar um outro: não podemos abrir mão da retórica parnasiana -da arte pela arte- para abraçar um segundo fetiche, o do tecnoromantismo, que oscila entre a mitificação do gênio criador -o artista que teve uma idéia- e a do programador -suposto verdadeiro viabilizador do projeto.

Além do mais, dado o caráter transdisciplinar e sampleado da cultura digital -usamos programas desenvolvidos por alguém ou baseados em sistemas operacionais criados por outros, conquistas científicas de equipes diversas, repertórios de outras mídias, entre outra gama de ferramentas que jogam papéis decisivos na montagem e distribuição- ,é difícil sustentar essa hierarquia que definiria quem ocupa o centro do trabalho criativo...

Transdisciplinar

Diria que os projetos capazes de subverter a identificação clara das competências individuais -o lugar do designer, do programador, do editor e, especialmente, do interator- são os que lidam com as questões mais radicais que a arte produzida com novos meios, pelo seu caráter transdisciplinar e sampleado, colocam.

Nesse sentido, o que está em questão hoje no campo das novas mídias são discussões de cunho epistemológico, institucional, mercadológico e estético. Isso tudo põe a crítica da noção de interatividade como clicagem, o tecnoromantismo (...)."

LM