1 de abr. de 2008

O mito da interatividade

Aí vai...

"Vamos primeiro derrubar um mito: o da interatividade como parti pris da arte feita com meios digitais ou em rede. Interatividade tornou-se uma espécie de "commodity" do discurso do "infotainment", no qual prevalece uma dinâmica de clicagem burra em que o que vale é o ponto de chegada, em detrimento do processo -aí mero "mal necessário" para chegar a um fim pré-determinado. Grosso modo, há questões bem mais interessantes e particulares das novas mídias e mais precisamente das artes on-line: compartilhamento, reconfiguração de atributos e funcionalidades e a discussão de uma estética da transmissão, do trânsito de dados e de fluxo de informações.

Arte pela arte

Isso posto, vamos então derrubar um outro: não podemos abrir mão da retórica parnasiana -da arte pela arte- para abraçar um segundo fetiche, o do tecnoromantismo, que oscila entre a mitificação do gênio criador -o artista que teve uma idéia- e a do programador -suposto verdadeiro viabilizador do projeto.

Além do mais, dado o caráter transdisciplinar e sampleado da cultura digital -usamos programas desenvolvidos por alguém ou baseados em sistemas operacionais criados por outros, conquistas científicas de equipes diversas, repertórios de outras mídias, entre outra gama de ferramentas que jogam papéis decisivos na montagem e distribuição- ,é difícil sustentar essa hierarquia que definiria quem ocupa o centro do trabalho criativo...

Transdisciplinar

Diria que os projetos capazes de subverter a identificação clara das competências individuais -o lugar do designer, do programador, do editor e, especialmente, do interator- são os que lidam com as questões mais radicais que a arte produzida com novos meios, pelo seu caráter transdisciplinar e sampleado, colocam.

Nesse sentido, o que está em questão hoje no campo das novas mídias são discussões de cunho epistemológico, institucional, mercadológico e estético. Isso tudo põe a crítica da noção de interatividade como clicagem, o tecnoromantismo (...)."

LM

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