Não é novidade que o jornalista e escritor Gay Talese critica a internet. Em 2000, quando esta jornalista o entrevistou para o Último Segundo, do iG, Talese reclamou da falta de credibilidade nas informações que chegam pela rede. Na época, o destaque do noticiário se voltara aos erros da cobertura das eleições americanas que levaram George W. Bush à Casa Branca.
Quatro anos mais depois, por ocasião do lançamento de uma edição ampliada de Fama e Anonimato pela Companhia das Letras, em nova entrevista, desta vez ao baiano A TARDE, o jornalista se queixou dos profissionais que apuram informações por meio do computador. "Bom repórter é o sujeito que sai às ruas em busca de novidades e não aquele que fica na redação sentado atrás de um computador ".
E, de novo, mirou contra a internet: "Não uso a internet. Quando se trata de apurar, eu não confio em ninguém a não ser em mim mesmo. Evito entrevistar pessoas pelo telefone. Prefiro ver quem entrevisto - face a face; é o que recomendo. Talvez seja inconveniente, mas não importa: é altamente recomendável."
Na série de entrevistas que concedeu à mídia brasileira, por conta de sua participação na Festa Literária Internacional de Paraty, que acontece de 1º a 5 de julho, Talese voltou a criticar a rede mundial de computadores. Agora, por causa da crise econômica por que passam os jornalões americanos, o escritor afirmou à Folha de S.Paulo que o NY Times errou ao abrir o conteúdo na web e disse a O Estado de S.Paulo que só usa o Google para saber informações precisas sobre, por exemplo, em que período fulano foi presidente dos EUA.
"Não uso a internet, não me interessa a tecnologia. Trabalho basicamente como há 50 anos. Se precisar saber quem foi o vice-presidente no ano tal, posso usar o Google e não vou até a biblioteca... Mas as pessoas sobre quem quero descobrir alguma coisa não são famosas. Se eu fizesse uma busca no Google sobre os personagens reais de A Mulher do Próximo, eles apareceriam associados ao meu nome. Muita gente que entrevistei estava falando com um repórter pela primeira vez. Eu sou o historiador de pessoas que não têm história registrada em público."
Mesmo avesso às novas tecnologias e com muita propriedade em suas análises, sobretudo sobre a precariedade da apuração jornalística atual, é sempre um prazer saber o que um dos mais importantes profissionais da imprensa pensa sobre o quarto poder.
LM
3 de mai. de 2009
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