15 de abr. de 2009

A não cobertura em tempo real no Twitter



Quando esta jornalista foi convidada para twittar o evento Estamos preparados para o público 2.0, realizado na quarta-feira, 14, no Tuca, não pensou que o micro-blog não suportaria mais que 119 postagens. No calor da discussão sobre uso de redes sociais x economia, aparece a seguinte mensagem: Uau, você ultrapassou o número de notas permitidas em um dia! Por favor, tente daqui a uma hora.

Daqui a uma hora? Como? O evento não vai esperar o Twitter liberar o acesso! A solução foi usar um perfil alternativo e transferir o final da cobertura para lá. Isso leva à seguinte conclusão: o Twitter não foi feito para fazer jornalismo nem tampouco coberturas ao vivo. Por diversas razões, destaco as que incomodaram mais:

1) não é possível editar posts. Ou seja, se você errou vai ficar errado, a não ser que apague a mensagem e a publique novamente.

2) há o limite de notas postadas em um dia (no meu caso, foram 119).

3) o total de caracteres permitido (140) não dá um lead.

4) a organização da cobertura vira uma bagunça porque no meio da lista surgem posts de pessoas ligadas ao seu perfil com assuntos desconectados, e isso trunca a informação.

Isso significa que não dá para cobrir jogos de futebol, carnaval ou desastres como se deve. O template simplesmente não suporta. Esse formato nos remete ao tempo real do início da web = texto + links. Pois é apenas o que se pode fazer no Twitter.

Talvez a resposta esteja na pergunta que Abel Reis, presidente da Agência Click, lançou à mesa: "O Twitter é uma forma de impulso confessional?" Ou seja, a função do micro-blog é a de reproduzir o cotidiano das pessoas? No limite, pode ter um propósito de auto-promoção (individual e empresarial), mas como espaço para jornalismo tem implicado consequências desastrosas.

Uma outra solução proposta por Geert Lovink é repensar o conceito de notícia. "O que é notícia para as redes sociais?". Lovink, um dos co-fundadores da lista de discussão Nettime e do festival de mídia tática Next Five Minutes (o primeiro do gênero no mundo), aposta em uma rede social organizada não pautada por modismos.

Para ele, Twitter, Facebook e MySpace são espaços onde as pessoas passam algum tempo e depois mudam-se para outro lugar. "As redes da moda serão substituídas por redes organizadas, menos vagas e mais focadas no que elas querem."

Mas essa é uma longa discussão que fica como lição de casa para os jornalistas que não deixamos passar nenhum hype da cultura de rede. Embarcamos em todos. Mesmo que seja para chegar a lugar algum.

A pensar,

LM

5 comentários:

Motti disse...

Realmente, o Twitter não serve para cobertura ao vivo de eventos. Até porque o propósito do Twitter é empacotar a informação em doses mínimas.

Sinceramente, concordo com o limite de 119 posts por dia. Melhor se fossem só 19. Nada mais incômodo que "serial posters". No caso da sua cobertura, melhor seria ter usado um blog.

Antonio Marques disse...

Dicas:

Para Cobertura com live video
http://qik.com/

Liveblog
http://www.coveritlive.com

()S

Cora disse...

Acho 119 items até excessivo. Sinceramente: como usuária fiquei muito aborrecida com a tela inteira coberta com notícias de um assunto que até me interessa, mas não aos pedacinhos (nada pessoal, Luciana!). O Twitter é, a meu ver, lugar para links e resumos dos acontecimentos: "Chove em Copacabana", "Engarrafamento na Av. Brasil", "Terremoto!", "Incêndio!", por aí. Beijos!

Luciana Moherdaui disse...

É isso, Cora. Tens toda a razão. É irritante ver sua tela atolada de notinhas. Quanto ao Twitter ser um lugar para links e resumos dos acontecimentos, me parece uma ótima pegada.

Beijos,

LM

Anônimo disse...

Bem interessante as observações.
Parabéns!

Uma dúvida Dra:
O que significa dizer

"3) o total de caracteres permitido (140) não dá um lead."