16 de jun. de 2008

Geléia geral

Ainda com Marques Melo, também no podcast.

Gêneros Jornalísticos - Classificar é teorizar?
José Marques de Melo - Classificar significa reconhecer o conhecimento bruto. O que é teoria? Teoria é o refinamento da prática. Observa-se empiricamente como se dão os fenômenos sociais e a partir dessa observação, vai formulando modelos paradigmas. Estou entre o Bourdieu [Pierre Boudieu] e o Khun [Thomas Khun]. As classificações são uma espécie de cartografia, reconhecimento do terreno. Sinceramente, você não pode teorizar, teorização vem depois. Classificação é importante do ponto de vista do aprendizado, da transmissão da experiência.

GJ - Trata-se de um primeiro passo para teorizar?
Melo - Tem classificação do passado que já foi teorizada, mudanças que vão incorporando o novo.

GJ - Classificar é um critério para o mercado?
Melo - Sem dúvida. O que governa o mercado é a classificação. Não é explícita. Nos manuais de redação, não se encontra essa especificação de gêneros. Pegue o Manual da Folha de S.Paulo, quase não aparecem os gêneros ali. Mas se vai observar como a redação funciona, o gênero está implícito.

GJ - Não há consenso sobre as classificações.
Melo - Precisamos avançar nisso, para ter bom senso entre os pesquisadores. Enquanto não classifica e não conceitua direitinho, fica naquela geléia geral. Esse é um problema seríssimo.

GJ - Primeiro vem a taxonomia, depois a conceituação? Ou estão juntas?
Melo - Eu acho que estão juntos. É aquela história. Quem vem primeiro, o ovo ou a galinha. O que eu percebo hoje é uma resistência de classificar, conceituar. Quando coloca as estruturas as pessoas se sentem sufocadas.

LM

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