6 de jun. de 2009

Para pensar a composição baseada em tags

As idéias de Ted Nelson, pai dos termos hipertexto e hipermídia (anos 1960), sobre linkagem de dados começaram a ser desenhadas na passagem do HTML para o XML (anos 2000).

Crítico fervoroso da web, um dos protocolos de comunicação da internet e talvez o mais popular, o fato é que Nelson trouxe ( à época em que anunciou seu Xanadu) propostas extremamente possíveis ainda que vistas como visionárias como, por exemplo, ao afirmar em entrevista ao Roda Viva (TV Cultura), em 2007, que a frase ( na web) não está no papel, está suspensa no ar.

"Os parágrafos ficam suspensos no ar, e as conexões podem ficar suspensas no ar, sem necessariamente terem um formato retangular". O XML possibilita essa sensação de o conteúdo estar no ar, sobretudo porque corrobora a idéia de que há uma migração da cultura da página para a cultura de dados, e essa noção reconfigura a lógica da exibição, da interface.

Para Nelson, a web é estática e resume-se a uma imitação do papel sob uma tela de vidro. Ainda que o XML tenha surgido para mudar esse conceito, os apontamentos dele permanecem como um alerta cuja luz se acende a todo momento.

Por mais que tenha avançado em alguns pontos - conexão e infraestrutura - não se pode negar que a web é um espaço de links unidirecionais, cuja convergência se resume a uma série de páginas em branco, diagramadas, que simulam um power point com midias distribuídas.

O fato é que a perspectiva da cultura de dados leva à idéia de que a tag é a chave para a construção da narrativa no ciberespaço. Pensar a produção a partir da recepção por meio de tags, nomadismo e agenciamento (estratégias temporárias de linkagens que não dependem de demandas).

Por isso, é imprescindível ouvir o que Ted Nelson tem a dizer sobre o que está na ordem do dia dos projetos em redes móveis e fixas. Tendo como pressuposto uma página em branco, o grande desafio é sair da lógica da diagramação estática para uma exibição na qual interface e arquitetura da informação conflitam até chegar a um denominador comum: o browseamento como experiência.

A pensar,

LM

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