21 de dez. de 2010

Invocação exagerada a Orwell



atualizado às 13h32


É, no mínimo, curiosa essa ideia de que o WikiLeaks causou um efeito contrário no conceito orwelliano de Big Brother. Ainda não vi respostas a essas duas perguntas:


1) quem são os "cidadãos" que vazam a informação?
2) quem são os "cidadãos" com a acesso a informações "sigilosas"?

Sem essas respostas, isso me leva a concluir que cidadãos [pessoas comuns como eu e você] apenas recebem a informação. E só podem mudar algo a partir de seus crivos de mundo. 


Portanto, me parece um tanto exagerada a afirmação de Umberto Eco no Liberátion e replicada no El País sob o título El Grande Hermano al revés, que reproduzo abaixo


"Hasta ayer el poder controlaba y sabía lo que hacían los ciudadanos. Con Wikileaks se ha subvertido esa relación, somos todos los que controlamos el poder mundial, es la transparencia total. Pero el poder también necesita confidencialidad".




No  Liberátion, Eco faz apenas uma ressalva sobre o poder do cidadão. Por precaução, talvez, escreve o autor: 


"A relação de controle deixa de ser unidirecional e torna-se circular. O poder controla cada cidadão, mas cada cidadão, ou pelo menos um pirata informático – qual vingador do cidadão –, pode aceder a todos os segredos do poder." 


Para ilustrar melhor, cortei trecho do documentário WikiRebels no qual Julian Assange explica por que o poder não está nas mãos do cidadão: porque não tem tempo ou interesse. 


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