4 de mai. de 2008

Notas curtas, por Tom Wolfe

Autor de A Fogueira das Vaidades diz em Buenos Aires que "as pessoas se informam apenas pela internet, onde as notas devem ser mais curtas."

O escritor norte-americano Tom Wolfe assegurou em Buenos Aires que "o romance está morrendo rapidamente", e considerou que, para o desenvolvimento deste gênero, é necessário que os autores se dediquem à vida cotidiana. "Os jovens escritores dos Estados Unidos tentaram copiar (o escritor argentino) Jorge Luis Borges, mas não eram Borges", assinalou o autor, durante conferência "New Journalism : Uma Conversa com Tom Wolfe", realizada em Buenos Aires, no domingo, 4.

Para Wolfe, os poetas "devem sair de seus quartos e averiguar as diferentes coisas que há no mundo" porque assim "vão tropeçar com coisas que nunca pensavam que poderiam ver. A não ser que saiam e as vejam, nunca as conhecerão. Os detalhes se encontram quando um submerge na vida do outro", ressaltou.

Internet

O autor disse ainda que o jornalismo "não vai morrer, embora as pessoas só leiam informações pela internet, onde as notas devem ser mais curtas. Temos meios de comunicação elétricos há mais de 160 anos, desde o telégrafo até a internet. Mas todas as idéias importantes que mudaram os rumos surgiram da palavra impressa."

Ele ponderou, no entanto, que muitos editores pensam que tudo tem que estar condensado, e advertiu que "há muitas revistas que acham que o New Journalism - que incorpora elementos da literatura - ocupa muito espaço, além de ser muito caro".

Para Wolf, o New Journalism contempla quatro pontos compostos pelos relatos cena por cena, o uso preciso do diálogo, a anotação dos detalhes e o ponto de vista de alguns dos personagens em cada cena.

"É uma definição muito técnica. Permanece dentro dos limites do jornalismo, mas utiliza os elementos que tornaram muito popular a literatura. Não há uma técnica para a crônica, mas sim uma atitude. Não se aprende a ser cronista em uma escola de jornalismo. Se os senhores têm a informação que eu necessito, mereço que vocês me dêem tal notícia. Todos temos uma compulsão pela informação. E um cronista tem que estar disposto a abordar qualquer assunto."

Do Estadao.com

LM

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